Inimigos Públicos/Nova Iorque 1997

Uma enorme desilusão.

Apesar de uma realização, pelo menos a nível visual, cuidada de Michael Mann, e da excelente interpretação de Johnny Depp (o seu John Dillinger é qualquer coisa de fantástico), "Inimigos Públicos" é uma inevitável desilusão.

O argumento é pouco dinâmico, pouco vivo, pouco...interessante.
"Inimigos Públicos" é um filme extremamente aborrecido durante grande parte da sua duração, Christian Bale tem uma das piores interpretações da sua carreira e as cenas de Marion Cotillard contam-se pelos dedos das mãos, naquele que é um desperdício imperdoável do talento da francesa.

Um final mais do que digno, cenas de acção de alto gabarito, mas no seu cômputo geral, um filme que fica a anos-luz da melhor obra do seu (grande) realizador.




Não posso dizer que tenha corrido bem esta primeira incursão pela filmografia de John Carpenter. Não. Não, de todo.
"Nova Iorque 1997" é mau, demasiado mau para ser verdade. Talvez o segredo esteja no fenómeno que o filme foi e que, obviamente, 30 anos depois, não me atingiu. Talvez se trate de um filme com grande valor histórico. Para mim foi, como é já evidente, constituiu também uma desilusão de proporções épicas.

Com uma premissa e um personagem principal absolutamente deliciosos, riquíssimos a nível argumentativo e visual, creio que o que Carpenter (ou seja lá quem for) fez aqui, foi um desperdício abismal destes dois factores.

A premissa, rapidamente se esfuma numa odisseia que, apesar de visua
lmente atractiva o quanto baste (pela sua surrealidade, entenda-se...), é escassa em momentos de acção, com o filme a assumir um ritmo sofrível e a tornar-se profundamente aborrecido.

O protagonista, "Snake" Plissken, é também ele um desperdício personificado por Kurt Russell. Tanto prometia, tanto carisma tinha para mostrar...mas o seu real protagonismo acaba por ser bastante, bastante inferior ao esperado e sobretudo ao desejado.
Pouco falador, bastante ausente e com pouca presença em cena. Inexplicável.

Fica uma banda-sonora...diferente, e um final (os últimos segundos mesmo, não a recta final do filme, bastante penosa...) intrigante a suscitar bastante curiosidade em relação à sequela.



6 Eloquentes Intervenções Escritas:

Tiago Ramos disse...

Não concordo muito. Michael Mann brilha na realização, utilizando um estilo diferente daquele que antevíamos pelo trailer do filme. É uma câmara dinâmica, em constante movimento, que (ab)usa dos close-ups, como se isso garantisse proximidade das personagens e das perspectivas handycam. É um trabalho maior de realização, que não cai nos lugares comuns de que poderia ter sido vítima.

Polaris disse...

Depp está a ficar como Al Pacino, salva qualquer filme em que entre...

Flávio Gonçalves disse...

Não vi o Inimigos Públicos por isso não o posso julgar a priori, mas posso garantir-te que estou algo ansioso e que estará para breve, uma visualização.

Abraço!

Rui Francisco Pereira disse...

Tiago,

Tal como eu, apontas defeitos e virtudes ao trabalho de Mann.
Partilhamos da mesma nota.

Se calhar, até estamos mais de acordo do que tu achas... ;)


Polaris,

Depp salva de facto Inimigos Públicos, mas não creio que, nem ele nem Pacino, consigam salvar todos os filmes em que entram.


Flávio,

Acaba por ser um dos melhores filmes do ano, embora o estatuto não seja o mais merecido...
Se gostas de Depp, não percas!

Abraços

Tiago Ramos disse...

Não. Não concordo com o que dizes da realização de Michael Mann: «começa a perder um pouco a sua fruição artística» e «Mann acaba por comprometer o realismo das cenas de acção que conduz, ao insistir numa câmara trémula e irregular, que torna estas mesmas cenas especialmente confusas». Foi precisamente acerca do que disseste sobre a realização que eu comentei. Lá por o fim ser o mesmo - a nota - não quer dizer que concordemos.

Rui Francisco Pereira disse...

Tiago,

Obviamente que existem sempre discrepâncias opinativas.

Mas estou errado ou, tal como eu, atribuis qualidades e defeitos à realização de Mann?

No meu entender, Mann começa a perder a sua fruição artística. No teu (aparentemente) não :)

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