Marie Antoinette


Algumas partes da vida de Marie Antoinette (Kirsten Dunst), uma das mais polémicas rainhas de França.

Chamar filme biográfico ou retrato de vida a "Marie Antoinette" seria um elogio considerável, para além de obviamente falso.
O que Sofia Coppola faz aqui é apenas um retrato muito pessoal, muito teen, muito preguiçoso e um pouco fútil sobre a vida da rainha. Optando por manipular ou até mesmo ignorar (o final é do mais decepcionante possível) a história, Coppola prefere ser irreverente mas ao mesmo tempo incompleta (ou incompetente...) na análise que faz.
E assim, "Marie Antoinette" dificilmente agradará àqueles que não se identificam particularmente com a realizadora.

E este estilo pessoal e egoísta acaba por influenciar negativamente outros aspectos técnicos.
O argumento, que pouco ou nada tem para dizer, revelando-se mais uma edição extendida da revista Gina, onde nos é apresentada a lista de fofoquiçes e adultérios de Versalhes.
O guarda-roupa, premiado pela Academia, é um aspecto naturalmente mais trabalhado mas que também cai facilmente no exagero, transformando por vezes os corredores de Versalhes em passerelles de moda.
A fotografia, quando associada a alguns espasmos por parte de Coppola, é dos poucos aspectos bem conseguidos.

O elenco sofre também.Kirsten Dunst faz de Kirsten Dunst. Naquela que podia ter sido a sua grande oportunidade, Dunst acaba por não se afastar do seu papel-tipo de jovem donzela (aqui um pouco mais literal, é certo), muito por culpa da já referida abordagem teen. Não foi desta para a jovem actriz, e a sua performance acaba por nos fazer desejar que apareça por lá o Homem-Aranha e a leve dali para fora.
Surpreendente é Jason Schwartzman que consegue roubar todas as cenas à rainha Dunst, sempre com uns maneirismos e uma postura muito pouco másculos, que acabam por abonar a seu favor.
Igualmente surpreendente é Steve Coogan, o companheiro de Ben Stiller em "Tempestade Tropical", e que se sai aqui muito bem e muito longe do registo cómico (leia-se paspalhão) de Stiller e companhia.

"Marie Antoinette" é claramente uma desilusão. Um filme aparentemente melhor do que na verdade é, e que é claramente prejudicado pela irritante e caprichosa visão da mimada Sofia Coppola, a quem deveria ter sido dada rédea mais curta e um orçamento menor.

9 Eloquentes Intervenções Escritas:

Anónimo disse...

Querias mais um biopic certinho e direitinho?
Mais um filme que passa por todos os mesmos estágios, segundo mandam as regras?
Coppola mostra-se como uma autora, isto porque toda a sua obra tem o seu estilo, a sua marca.
É de louvar que apareçam artistas assim, originais.
Com as óbvias diferenças, todos os génios foram bastante criticados nas suas carreiras. Coppola o pai, Kubrick, Scorsese, Allen, Welles, Fellini etc... Mas o que é certo é que todos eles deixaram uma marca e que ao veres um filme seu notas instantanemente: Isto é...!
Penso que isso é de louvar ;)

Rui Francisco Pereira disse...

Eu não queria mais nada a não ser uma coisa: consistência.

O que Coppola faz aqui, é deixar passar uma imagem de preguiçosa e mimada, imprimindo um certo estilo ao filme, mas que carece claramente em substância.
E só estilo não chega...

Muito obrigado pela visita :)

Catarina disse...

O problema na tua critica, é falta de base históricas. Se tivesses bases históricas que te fizessem saber mais da vida de Marie Antoinette, facilmente a compararias a uma teenager fútil e deprimida, como dizes como se fosse uma coisa má. Mas não porque coppola quer dar mesmo esse efeito, e os historiadores, que chocados com esta mudança do típico "épico", louvaram-no por ser assim tao radical e diferente, e concluir um filme histórico de forma muito boa.

Beijinhos

Rui Francisco Pereira disse...

Catarina,

A palavra "futil", eu associo a Coppola e não à rainha (ou à sua personificação neste caso).
Por acaso até nem fiquei nada com essa ideia, ela parece muito adulta. Só que a futilidade de Coppola se traduz noutros aspectos, onde nos apresenta só estilo e nenhuma substância.
Em relação a ser teenager, refiro-me mais uma vez a Coppola, porque a rainha... bem, ela era mesmo uma adolescente e não se pode critiar isso :)
"concluir um filme histórico de forma muito boa. " Lol, não há conclusão nenhuma em Marie Antoinette. Coppola demonstrou novamente a sua futilidade e preguiça, e nem uma conclusão com bases deu ao filme (como aliás toda a recta final, que é completamente apresentada à pressão, descurando os factos minimamente importantes).

Beijinhos e obrigado pela visita :)

Catarina disse...

Mas a realizadora faz um retrato "fútil" porque a rainha é fútil! E como tu dizes que deixa de parte os factos importantes? que sabes disso? Vê-se que nao percebes mesmo de história pah lol foi tudo contado como realmente aconteceu, o tédio na corte, as más-linguas, o romance com o general, e isso tudo retrata muito bem, só que diferente do que tu costumas estar habituado. é um grande épico só que não é tão 'xapado' como os outros...
E quando tu dizes que desilude para quem gosta da realizadora, ela só tem 3 filmes (acho eu) e tem tudo a ver com ela, por isso ai nao podes dizer nada...
Acho que tas a ser um bocadinho tacanho, mas tu é que sabes
ah, e música e o visual estão muito bons!!

Beijinhos

Rui Francisco Pereira disse...

Catarina, em relação à futilidade já disse o que tinha a dizer. Não me consigo completar mais a minha intervenção.
Em relação a não perçeber nada de história, por acaso até estou a estudar a Marie Antoinette (a razão que me levou a ver o filme) na disciplina de história...
E Catarina, eu não disse que "desilude para quem gosta da realizadora", mas o contrário: "dificilmente agradará àqueles que não se identificam com a realizadora".

Estou a ser um bocadinho tacanho? Talvez.
Ou não...

Ah,e a musica é ridiculamente descontextualizada!!

Obrigado pela visita :)

Rui Francisco Pereira disse...

João,

Dos três que realizou, vi dois. O que achas? :P

Obrigado pela visita :)

P.S.- Desde que sejas respeitador, podes dizer o que bem te apeteça. Aqui não há polémicas.

Catarina disse...

A música está descontextualizada? lol . . .!
Ainda bem q nao sou a unica que ve que estás a ser cego!

Rui Francisco Pereira disse...

Catarina,

Para quem defendia tanto o filme, não me pareçe que saibas do que estás a falar.
Não só acordes de rock e pop são descontextualizados num filme deste género, mas também a própria Sofia Coppola referiu em várias entrevistas esse mesmo facto, que foi propositado...

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