Os Imortais


Embora o meu contacto com o nosso Cinema seja muitíssimo reduzido, "Os Imortais" sempre foi um dos poucos filmes portugueses que me despertaram curiosidade. E o filme de António-Pedro Vasconcelos parecia efectivamente o ponto de viragem do nosso Cinema, pelo menos aquele mais comercial.
Um filme de qualidade, com uma base tradicional portuguesa (o culto ao fado), mas com uma essência americana inegável (algumas cenas transpiram "Tudo Bons Rapazes" (crítica aqui)).

E de facto, "Os Imortais" é um filme muito bem conduzido durante grande parte da sua duração. Nem tanto pela investigação em si, muito frouxa e fácil, mas pelos elementos à sua volta, determinadas cenas-chave que, realmente, valem mesmo pelo filme.

O melhor de "Os Imortais" é, ainda assim, o elenco. Nicolau Breyner tem uma belíssima interpretação, muito completa, e Rui Unas é uma enorme surpresa.
Joaquim de Almeida faz o típico papel de durão, sempre com a sua "voz de bagaço" que dificulta a compreensão do que diz.

A realização é algo previsível e o argumento oscila entre o muito bom e o simplesmente estúpido.

Mas o pior de "Os Imortais" fica reservado para o fim. Para começar, o argumentista lembra-se de tentar trocar as voltas ao espectador, inserindo uma série de pseudo-twists e revelações inúteis, ainda por cima em vários tempos diferentes. Toda a confissão de Roberto Alua é tão mal orquestrada, tão incoerente e tão repleta de falhas que chega a ser risível.

O segundo problema que aqui se apresenta é a produção. Determinadas cenas associadas ao climáx do filme, exigiam um certo nível de produção que o orçamento de "Os Imortais" claramente não cobre. E como tal, a credibilidade deste climáx é arruinada sem sombra para dúvidas.

Muito bem idealizado mas muito mal executado na parte mais necessitada.
Ficam as intenções.


"Ai, os Imortais, os Imortais..."

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