Malcolm X


Todos nós sabemos o quão difícil é transpor para a grande tela toda uma vida. Mesmo que condensado, algumas vezes com bons resultados ("Homem na Lua"),um filme biográfico exige uma perícia e uma dedicação que poucos possuem, ou uma limitação pré-estabelecida ao exercício biográfico ("Invictus").
É um género de difícil concretização e que, a meu ver, vive do argumento.

Aqui reside o principal problema de "Malcolm X". O argumento, escrito a quatro-mãos por Spike Lee e Arnold Perl, é pouco coeso, desequilibrado e muito, muito aborrecido.
São retratados meros excertos da vida do protagonista, na maior parte das vezes com um ténue elo de ligação, e quase sempre desinteressantes. A excessiva duração também não ajuda.

Culpas no cartório também para Spike Lee, agora na realização, a fazer um trabalho monótono e a revelar os seus complexos racistas ao invés de sensibilidade artística. Trabalho este que pode ser caracterizado por uma palavra: inexperiência.

Noutras vertentes técnicas, a banda-sonora e o guarda-roupa pontuam, a sonoplastia e a montagem não.

O elenco é encabeçado por um brilhante Denzel Washington que, com uma das melhores interpretações da sua carreira e justamente premiada com a nomeação para o Óscar de Melhor Actor, carrega o filme às costas. É, aliás, o único membro que merece destaque.

No final, a sensação com que se fica após a visualização de "Malcolm X", é a pior possível para um filme biográfico: era mesmo necessário fazer um filme sobre Malcolm X? E, já agora, terá sido Spike Lee a pessoa mais indicada para o fazer?


"I will not touch the white man's poison; his drugs, his liquor, his swine, his women."

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