Avatar


Jake Sully (Sam Worthington) é um soldado tetrapelégico que acaba de chegar ao planeta Pandora, com uma missão especial: Infiltrar-se na tribo local, os Na'vi, para conseguir que estes abandonem o seu local de habitação, que está por cima de uma enorme reserva de um metal precioso. Para isto, Jake irá controlar mentalmente um Avatar, um corpo criado em laboratório e fisicamente semelhante aos Na'vi.

Quanto a mim, tudo o que James Cameron conseguiu provar com "Avatar" foi que, para além de arrogante e presunçoso, é um grande mentiroso.
O copy/paste não é uma técnica exclusiva de Cameron. É certo que muitos filmes se baseiam, basearam e vão basear nas histórias de outros filmes. No entanto, não me lembro de nenhum dos realizadores destes filmes ter vindo dizer algo como "Este filme "is the single most complex piece of filmaking ever made"".
É precisamente esta atitude que não suporto. James Cameron não foi minimamente humilde ou discreto, tendo-se a si próprio e a "Avatar" como divinos. Obviamente que as expectativas eram elevadíssimas, e o resultado final é para mim a constatação de que afinal era mesmo tudo só garganta...
Mas vamos por partes.

Eu não vi (ainda) a versão 3D de "Avatar", por isso custa-me apelidá-lo de revolucionário. Mas lá que é um primor visual ninguém pode negar. Efeitos especiais e fotografia produzem um regalo para os olhos, tornando o filme um sério candidato aos Oscars, apesar da grande concorrência.

É a nível de estrutura argumentativa que "Avatar" é quase inqualificável. É que factos como o excesso de clichés, diálogos à bad boy (ou bad girl) ou a existência de cenas escusadas (como a cena final de Sigourney Weaver) parecem pouco quando comparadas com o plágio descarado que "Avatar" pratica.
Desde pequenos pormenores até à história base, fitas como "Danças com Lobos", "Parque Jurássico", "King Kong", "O Acontecimento" (a questão do apelo à planta levantada pelo Filipe Coutinho é por demais pertinente), "Matrix Revolutions" e até mesmo "Pocahontas" são plagiadas com arrogância.
Repito: o problema não é tanto o plágio, mas a forma como este foi feito.

No elenco, Sam Worthington não tem estofo para protagonizar a obra. Não o tinha nem em "Exterminador Implacável: Salvação", quanto mais agora. Zoe Saldana está demasiado cibernética para merecer destaque. Michelle Rodriguez não saiu de "Velozes e Furiosos" e Giovani Ribisi é demasiado secundário.
Apenas Sigourney Weaver é digna de destaque, provando que ficção científica é mesmo o seu território.

Infelizmente, eu tinha razão. Com ou sem 3D, "Avatar" é só efeitos especiais. E um dos piores filmes do ano.


"You're not in Kansas anymore. You're in Pandora!"

10 Eloquentes Intervenções Escritas:

Bruno Cunha disse...

Não concordo, talvez se fôssemos a avaliar só o argumento talvez teríamos essa pontuação, no entanto Avatar é muito mais que isso, aliás em aspectos ténicos já ganhou e irá ganhar mais prémios no entanto tu que gostas tanto de filmes para desligar o cérebro(:p), Avatar acho que era um escolha assim, po exemplo na parte da guerra que é duradoura e eficiente...

Abraço
http://nekascw.blogspot.com/

Rui Francisco Pereira disse...

Eu já ia ver o filme com uma mentalidade pouco aberta. Em termos argumentativos, é para esqueçer. Os efeitos especiais (não vi a 3D) não chegam para fazer esqueçer o resto.

E a temática não te deixa desligar o cérebro :P
Eu bem que queria.

Abraço!

Nuno Pereira disse...

Eu só ao ler a parte que a Sigourney Weaver está como peixe na agua na SciFi, vi logo que esta era uma critica negativa :)

Rui Francisco Pereira disse...

Nasp,

Bem-vindo.
Devo dizer que não percebi bem a analogia...
Acho mesmo que a Sigourney Weaver está bem é na FC.

Cumps.

Nuno Pereira disse...

Das muitas criticas, das mais negativas que existem na net sobre o Avatar, todas dizem que a Sigourney Weaver é uma senhora neste tipo de filmes :)

Eu acho isso no minimo engraçado, e curioso.

Rui Francisco Pereira disse...

Nesp,

Engraçado e curioso porquê?

ArmPauloFerreira disse...

Ficaste mesmo um critico de uma certa estirpe de cinéfilos, ó JB. Estás a ficar tipo João Lopes... e perdi eu o meu tempo a ler este texto todo na perseguição de nele se aproveitar alguma coisa.
Avatar em termos de argumento é simples e totalmente pensado em níveis familiares globais. É a única componente do filme onde o filme de Cameron fraquejou (por exemplo no T2 aconteceu o inverso - super-argumento em belíssimos efeitos visuais) porque todo o resto é excelência de execução em todos os níveis. Diria mesmo incomparável. e no cinema a experiência 3D deste filme é um magestoso assombro irrepetivel pela concorrência no mundo do cinema.
O mais curioso é notar que: se não apreciaste nada o filme (realmente, até faz sentido não gostares deste e de muitos outros também), porque voltas a te focar nisto? Só para voltares a dar uma nova nega?

Rui Francisco Pereira disse...

Arm,

1) Em relação à comparação com João Lopes, não a entendi. Se o que está aqui em causa é o gosto pelo que não é mainstream, posso assegurar-te de que estás totalmente errado.
Se não, pedia-te que a clarificasses.

2)O argumento de Avatar não é simples. É incompetente. Mas não se fica por aí. É incompentente, presunçoso (recordo as palavras de Cameron: "Avatar is the single most complex piece of filmaking ever made") e... uma sobreposição de plágios total e sem pudor.

3)Se Avatar falha apenas em uma vertente, tratando-se esta vertente de algo tão importante como o Argumento, então esta falha não pode ser atenuada por ser "a única"...
Além disto, Avatar não falha, de todo, só no argumento...
Mas só o facto de falhar redondamente no argumento, já dificilmente faria dele um bom filme.

4)Eu não vi o filme em 3D. Começo agora a pensar se será uma boa ideia fazê-lo, para não correr o risco de ser cegado por todo o fogo de artíficio. Retirando a componente 3D a Avatar, este perde muito. Muito mesmo. Não se pode elevar assim tanto um filme, apenas pela sua vertente em 3D. Isso melhor a experiência que é ver Avatar, não Avatar em si.

Já para não falar das pessoas que, por e simplesmente, não se adaptam bem ao 3D.
É que Cameron até aqui foi arrogante.

Acredito que Avatar possa ter sido uma irrepetível experiência de Cinema.
Mas e agora pergunto eu: e para aqueles que não tiveram a "sorte" de viver essa experiência irrepetível? Terão de idolatrar Avatar como se o tivessem feito?

4) Em relação à nova focalização, tem um motivo muito particular. Mas que não irei revelar, pelo menos por agora.
Mas fico-me por uma razão mais do que válida: porque sim. Porque me apeteceu rever o filme, tal como me apetecem rever dezenas ou centenas de filmes -uns que prefiro, outros que nem tanto- e que constituiem impulsos muito próprios de um cinéfilo vulgar.
Penso que compreenderás esta parte, não? ;)

P.S.- Em relação a "perderes o teu tempo" a ler o texto, tenho pena. Mas não podemos todos estar de acordo.

P.S. 2- E Armindo, afinal, porque é que "realmente, até faz sentido não" gostar "deste e de muitos outros também"?

ArmPauloFerreira disse...

Sim o rever é sempre bom e um acto que qualquer pessoa faz. Eu pelos filmes deixo-me levar e vejo de tudo.

Quanto ao argumento como ponto principal para se apreciar um filme... imagino o que dirias dos filmes de David Lynch... então o Mulholand Drive é totalmente desencaixado e não-linear.

O João Lopes só é um dos mais conceituados críticos de cinema profissional portugueses. Contudo, dele o que antes me parecia "lei" hoje já não me revejo sempre no que diz e pontua. Normalmente, até brinco desta maneira: Espero que ele diga que não presta ou pontue com zeros e maus pois assim sei que deve ser um filme mesmo interessante e até mesmo muito bom.

Os teus pontos 2, 3 e 4... respeito pois é a tua visão mas não quer dizer que seja totalmente a minha a respeito de cinema. Mas não te ofendas assim tanto pois também já fui assim. Mas olha que ao fim de uns tempos/anos um tipo parece que só vê o mesmo tipo de filme e sente a falta de sorrir e aceitar um filme pelo que ele é sem problemas.
Penso que percebes as razões de te dizer que faz sentido o teu sentido de apreciação. Afinal, tens sido coerente e é nisso que admiro-te como um cinéfilo em progressão clara para um tipo de excelência. Eu acredito plenamente no que estou a dizer: vais ser grande e com voz própria. Apesar de caminhares num outro sentido e cada vez mais longe do "povão".

Mas isto sou eu a dizer coisas e tendo sempre a dizer coisas a mais...
Até porque isto que deixo dito parece fomentar um antagonismo ideológico que em nada me interessa entrar.
Fico por aqui.
Peace!

Rui Francisco Pereira disse...

Arm,

Tal como há argumentos... "simples ";) como o de Avatar, também existem argumentos demasiado complexos como os dos exemplos que referiste.

Eu não tenho nada contra argumentos simples ou até mesmo fracos. A prova disso é que tenho dezenas, dezenas de guilty pleasures (a propósito, e quando mandas as tuas escolhas ;), filmes que não vivem do argumento. Um filme não precisa de ter um bom argumento para ser APRECIADO. Mas precisa de um bom argumento para ter o mínimo de QUALIDADE.
É a diferença entre apreciar algo pela sua qualidade, e apreciar algo.. porque sim! xD

O meu problema com Avatar foi, em primeiro lugar, a arrogância de Cameron que o elevou a algo que não é. E ainda mais irritante, foi constatar que o argumento é do mais banal possível. Vê-se que não existiu o mínimo de competência.

Armindo, vamos lá ver uma coisa: "ofender"? Não, de todo. Estou infinitamente grato pelos teus comentários, aliás já te disse várias vezes que és dos meus comentadores preferidos!

É óbvio que temos opiniões diferentes, e ainda bem! Agora espero que isto não seja nunca um motivo para deixares de te expressares aqui no blogue.

Agradeço imenso as tuas palavras e retribuo.
Mas posso garantir-te que não prentendo -aliás abomino- aqueles críticos "diferentes" que apenas optam por obras alternativas.

Não disseste coisas nenhumas a mais, disseste o que achavas que tinhas de dizer e o que fomentaste em mim, para além da minha discordância, foi o meu total interesse!

Peace e não te fiques por aqui! :D

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