O Mensageiro


Com toda a euforia em volta de "Estado de Guerra" (crítica aqui) e a sua abordagem realista ao lado violento (leia-se bélico) da guerra, é bom ver a abordagem que este discreto "O Mensageiro" faz a um lado, possivelmente, ainda mais violento: as consequências da guerra.

O estreante realizador Oren Moverman elabora um trabalho muito interessante, artisticamente bem conseguido, e cinematograficamente estimulante. Faz-se acompanhar de um argumento que oscila entre momentos bem conseguidos e alguns clichés desnecessários. É um escrito promissor mas algo incompetente e que não merecia, de todo, a nomeação para o Óscar de Melhor Argumento Original.

"O Mensageiro" é portador de um elenco igualmente discreto, com o protagonismo a ser entregue a um desaparecido Ben Foster que, depois de papéis menores em filmes como "O Comboio das 3 e 10", mostra finalmente o seu real talento e obtém uma interpretação muito capaz, não deixando de surpreender mesmo assim.

Woody Harrelson desiludiu-me um pouco, confesso. Eu admiro muito o actor, gostei imenso de o ver em filmes como "Golpe no Paraíso" (crítica aqui), mas o facto é que não tem, em "O Mensageiro", o protagonismo que merecia e de que necessitava para brilhar como eu esperava. Acaba por brotar (e de que maneira) na última meia hora, mostrando o carisma que já lhe conhecíamos e o dramatismo que nele raramente vimos. O resultado final é regular e não estou certo de que justifique a nomeação para o Óscar e Globo de Ouro de Melhor Actor Secundário, a não ser pelo histórico de Harrelson. Embora os critérios da Academia não sejam muito definidos, já que Judi Dench conquistou um Óscar por um papel de seis minutos...
Quanto ao restante elenco, e apesar de Samantha Morton não me ter espicaçado particularmente, gostei bastante de ver Steve Buscemi num papel à sua altura.

Começa bem, banaliza-se com a vertente romântica, e culmina numa tour-de-force de Woody Harelson.
Assim se resume "O Mensageiro".


"Avoid fisical contact. In case you feel like offering a hug or something... don't."

2 Eloquentes Intervenções Escritas:

Bruno Cunha disse...

Enquanto todos se pôem à frente da batalha, The Messenger vai pelas baixas da guerra...
O conceito é interessante mas o potencial é mal explorado onde resulta um argumento com altos e baixos e Harrelson meio esquecido, enfim, concordamos...
Também não gostei muito da câmara...

Abraço
Cinema as my World

Rui Francisco Pereira disse...

Bruno,

Estamos em sintonia, então.
Harelson merecia mais protagonismo.

O que queres dizer com "não gostei muito da câmara"?

Abraço!

Enviar um comentário

O autor deste blogue apresenta os seus agradecimentos pelo comentário e relembra que este beneficiará sempre de uma resposta, já que cada comentário é tido como imprescincível e nunca subvalorizado.

Related Posts with Thumbnails