O Príncipe do Egipto


Este filme tem para mim um simbolismo muito especial. Trata-se do primeiro filme que tive o prazer de assistir no Cinema, uma experiência já por si marcante mas que elevava "O Príncipe do Egipto" à categoria de grande obra animada.

Foi de uma forma quase chocante que hoje constatei a falsidade de tal estatuto, já que a sua visualização constituiu uma tremenda desilusão em vários campos.
Não era uma tarefa fácil, a de condensar todo um episódio bíblico da importância do retratado em "O Príncipe do Egipto" num filme, ainda para mais quando tem de se dar uma conversão para o formato animado. Não era uma tarefa fácil... e não foi alcançada.

"O Príncipe do Egipto" é um filme estagnado, com uma fórmula que se esgota muito facilmente, e claramente pressionado para enfiar todos aqueles momentos importantes da história do cristianismo numa brevíssima hora (até meia hora de filme, nada de histórico- ou importante... ou interessante-acontece). Notam-se os avanços repentinos na história e a falta de fluidez na narrativa, e o resultado é um filme que acaba sem darmos por ele.
É uma pena, e não estou feliz com esta conclusão, mas foi o que senti. Uma enorme pressão, falta de liberdade artística e criativa.

Também devido ao próprio tema do filme, só é natural que exista uma carga dramática muito forte e que tentou ser alternada com momentos de aventura, na recta inicial do filme, mas muito mal sucedidos.

Quanto à animação em si, nota-se o pesar dos anos em algumas sequências, no entanto e de uma forma generalizada, "O Príncipe do Egipto" é um filme visualmente encantador e portador, inclusive, de um dos momentos mais memoráveis da história do Cinema animado, a épica divisão do Mar Morto.

Ainda assim, o melhor aspecto de "O Príncipe do Egipto" é a fantástica banda-sonora a cargo de Hans Zimmer, belíssima, poética, hipnótica e realmente épica. Um trabalho tocante e profundo, e que tem o seu auge na magnífica canção "When You Believe" (vencedora do Óscar de Melhor Canção Original).

Independentemente de tudo isto, fiquei muitíssimo decepcionado com esta revisão de "O Príncipe do Egipto". Uma sensação de pressão manteve-se durante todo o filme, no entanto, não será com isto que "O Príncipe do Egipto" irá perder a importância que tem na minha vida. Eis um filme que, mais do que muitos outros, merecerá uma nova oportunidade em breve.

Resta saber ainda porque razão o Canal Hollywood transmitiu esta obra, não na sua versão original, mas dobrada em português. Até o Hollywood?

4 Eloquentes Intervenções Escritas:

Roberto Simões disse...

Um filme de uma dimensão operática, absolutamente excepcional e colossal.
Animação de mestre, com uma banda sonora fabulosa e uma paleta criativamente empregue!

5/5

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD – A Estrada do Cinema «

Rui Francisco Pereira disse...

Roberto,

"uma banda sonora fabulosa". Aqui, estamos de acordo ;)

Abraço

Marcelo Pereira disse...

Estamos em desacordo relativamente a Príncipe do Egipto. Vou apresentar dois pontos que gostaria de esclarecer:

1) o argumento debruça-se sobre UM episódio biblíco do Antigo Testamento, e quando dizes que tenta condensar a história do cristianismo (cuja narração cabe apenas o Novo Testamento), essa afirmação não poderia estar mais errónea e fora de adaptação. O argumentou resumiu, de forma concludente, o episódio a que se propôs.

2) Quanto à liberdade artística e criativa: recuemos até à sua data de realização - 1998. Já se passaram mais de 10 anos, e a temática ainda é muito frágil, e qualquer estúdio cinematográfico tem de passar por muito - politica, religiosa e financeiramente - para poder abordar o tema. Ainda para mais, os argumentistas adulteraram o episódio drásticamente, o que só concluí a indepedência dos mesmo em redigir o guião, que se apresenta revolucionador pelo conteúdo e respectiva exposição. Não vejo a falta de liberdade, muito pelo contrário.

Quanto ao resto, trata-se de interpretações e opiniões.

Rui Francisco Pereira disse...

Marcelo,

Equivoquei-me, de facto. Mas não deixa de ser UM episódio bíblico. Nunca disse o contrário.

Existe uma diferença entre a coragem para abordar um tema e a liberdade artística com que se faz essa abordagem.
Foi uma tentativa corajosa, mas extremamente mal concebida. Faltou a coragem quando mais era precisa.

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