Bem-Vindo à Bodega.
Depois de ter visto a beleza na América, no seu filme de estreia, "Beleza Americana" (crítica aqui), o realizador Sam Mendes decidiu voltar-se para um tema bastante diferente: o da guerra. Neste caso, o da Guerra do Golfo. E, sem surpresa, Sam Mendes voltou a encontrar beleza, muita beleza. É, aliás, esse o seu dom.
Mas a sua maior qualidade, é mostrar esta beleza ao espectador. E em "Máquina Zero", Mendes fá-lo através da estonteante e libertadora fotografia de Roger Deakins que, numa reinvenção magnífica do conceito visual do "filme de guerra", obtém um trabalho verdadeiramente genial.
A "contracenar" com a fotografia de Deakins, está um elenco seguríssimo. Jake Gyllenhaal tem a sua melhor interpretação desde "Donnie Darko". Excelente trabalho do actor, com uma performance intensa e repleta de garra. Bastante bem está também Peter Sarsgaard, que surpreende ao obter, de longe, a melhor interpretação da sua carreira.
Pedia-se, no entanto, muito mais protagonismo para Chris Cooper. Já Jamie Foxx, embora não comprometendo o resultado final, mantém-se no seu habitual registo que me desagrada.
Pedia-se, no entanto, muito mais protagonismo para Chris Cooper. Já Jamie Foxx, embora não comprometendo o resultado final, mantém-se no seu habitual registo que me desagrada.
No entanto, "Máquina Zero" acarreta dois problemas. O primeiro, é o facto de "Máquina Zero" ser o filme de guerra com menos guerra de sempre. Percebem-se as intenções de Sam Mendes e a essência do argumento: apelar à reflexão. No entanto, uma ou outra sequência de acção não ficaria nada mal. Mas tal teria como consequência uma duração excessiva, já que o argumento de "Máquina Zero" não tem (entre outras coisas), a "elasticidade" do argumento de "Apocalypse Now".
Ainda assim, o principal busílis de "Máquina Zero" é mesmo o seu argumento, uma questão estrutural que, a dada altura, faz com que o filme de Sam Mendes perca todo o seu fulgor.
Esta reviravolta dá-se, sensivelmente, nos momentos em que os soldados partem para combater, após meses no acampamento. O registo satírico e divertido é substituído por mais uma incursão dramática nos traumas de guerra. Algo que, a meu ver, era escusado.
Esta reviravolta dá-se, sensivelmente, nos momentos em que os soldados partem para combater, após meses no acampamento. O registo satírico e divertido é substituído por mais uma incursão dramática nos traumas de guerra. Algo que, a meu ver, era escusado.
Com a agravante de "Máquina Zero" ter ainda uma vertente filosófica e simbólica substancialmente desenvolvidas, mas que acabam por contribuir para a dispersão da história, sobretudo na segunda parte do filme. Começam a ser demasiados os momentos-chave que exigem uma interpretação mais distante e, creio, nem todos eles foram feitos para o público entender. Embora sejam, sem dúvida, oportunidades que Sam Mendes não desperdiça para a elaboração de cenas inesqucíveis, como o vomitar de areia.
Mas "Máquina Zero" não deixa de ser uma das mais interessantes incursões sobre a guerra que já vi.
"Welcome to the suck."
5 Eloquentes Intervenções Escritas:
Só concordo com o que dizes em relação à fotografia do filme (um absoluto assombro) e em relação à prestação de Jake Gyllenhaal. Deixa-me acrescentar apenas que, quanto a mim, é a melhor interpretação da sua carreira até à data, superando inclusivé a de BROKEBACK MOUNTAIN.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Roberto,
Não vi Brokeback Mountain, mas, dos (poucos) papéis que vi de Gyllenhaal, parece-me um empate técnico entre este e Donnie Darko ;)
Abraço
Gyllenhaal está muito bom neste filme, no entanto, não chega aos calcanhares de Donnie Darko!
Abraço
Cinema as my World
Deixa-me dar-te em primeiro lugar os parabéns pelo blog ... 5 estrelas. Já o adicionei aos blogs que sigo.
Gostei em particular dos passatempos das taglines.
Quanto ao filme, é fabuloso, o branco do deserto é dos mais brancos que já vi :)A fotografia é genial.
Concordo em parte com o Roberto Simões, a representação em BROKEBACK MOUNTAIN é fenomenal, no entanto a de Donnie Darko é a melhor até à data.
Quanto ás cenas de guerra, julgo que acabam por nem ser necessárias dado que é um filme virado para a mente e menos para o físico.
Abraço e continua o bom trabalho.
http://vidadosmeusfilmes.blogspot.com/
Bruno,
Em termos de interpretação, chega sim senhor! ;)
Em termos de filme em si, sinceramente, também acho que sim..
Bruno,
Muitíssimo obrigado pelas tuas palavras e pela adição.
Farei, em breve, o mesmo com o teu excelente espaço.
Fotografia genial, de acordo.
Quanto ao actor, confesso que preciso de rever Donnie Darko.
No entanto, estou tentado a considerar a esta a sua melhor.
Entendo o que dizes, mas alguma acção não faria mal à obra. Às tantas, torna-se um filme desiquilibrado e demasiado parado.
Abraços e obrigado pelos comentários!
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