Tróia- Versão de Realizador


Épicos falhados. Creio que esta é uma questão pertinente: haverão filmes mais necessitados de uma segunda oportunidade, do que épicos falhados?
Um épico, género do qual se espera tudo. Género que tudo promete. Género que tem possibilidades quase ilimitadas, a todos os níveis.
Falhado? Inadmissível, a meu ver. Um épico não pode falhar. E um épico falhado precisa, mais do que qualquer outro filme, de uma segunda oportunidade.

Em linguagem cinematográfica, tal traduz-se numa Versão de Realizador.
“Mas até as Versões de Realizador não fazem milagres". Isto era o que eu diria, se não tivesse assistido à fenomenal obra-prima que é a Versão de Realizador de “Reino dos Céus”.
São dois filmes, e sobretudo dois contextos, muito semelhantes, aqueles que envolveram “Tróia” e “Reino dos Céus”.

E, com esta Versão de Realizador, Wolfgang Petersen tinha a oportunidade para provar, não só que era realizador, mas também que o desastre que foi “Tróia” não tinha sido culpa sua.
Contudo, atentemos no facto de Petersen não ser Ridley Scott. Scott é realizador, é um grande realizador. Petersen não. E o que alcançou nesta sua segunda oportunidade, foi o que se esperaria de um tarefeiro: um filme ligeiramente melhor.

Afinal de contas, existem erros crassos que já estão imiscuídos na própria natureza de “Tróia”: o péssimo argumento, o visual de Achiles ou a falta de talento de Orlando Bloom.
E os trinta minutos que Petersen adiciona a esta nova versão, não têm importância suficiente que justifique a sua inclusão.

O filme em si ganha alguma riqueza, sem dúvida. Personagens como Odysseus (interpretado por Sean Bean) ou Priam (interpretado por Peter O’ Toole) saiem a ganhar.
Uma cena introdutória e algo simbólica, envolvendo um cão, é também portadora de substancial interesse.

Mas a Wolfgang Petersen falta mesmo contenção.Note-se, por exemplo, a adição e maior explicitação das cenas de nudez e de cariz sexual. Mas haveria mesmo necessidade? Foi este o motivo do insucesso do filme? A não aparição dos seios de Diane Kruger? Por favor…
Um outro exemplo foi o final extendido, sem dúvida uma adição inútil.

Por último, “Tróia- Versão de Realizador” sai a perder pela alteração radical (e ridícula) da banda-sonora. Cenas chave como o combate entre Achiles e Hector, ou até mesmo o final, parecem murchar sem o acompanhamento musical certo.

“Tróia- Versão de Realizador” é preferível ao original. Mas o que aqui se pedia –ou, deverei dizer, exigia- era uma mudança profunda e responsável, ao nível de “Reino dos Céus”.
Não uma mera inclusão de todo o material não utilizado, apenas pela curiosidade do exercício, como foi feito com as Versões Estendidas da trilogia “O Senhor dos Anéis”.


"- I won't ask you to fight this war for me.
-You already have."

4 Eloquentes Intervenções Escritas:

David Martins disse...

"seios de Diane Kruger"? Podias ter dito logo! Vou já "alugar" esta versão ;-) Fiquei com curiosidade, fiquei decepcionado quando o fui ver ao cinema, gostava de ver as diferenças

Hugo disse...

A belíssima Diane Kruger.

Assisti apenas a versão original e não achei tão ruim assim.

A versão do diretor ainda não chegou por aqui.

Abraço

Dora disse...

Nunca vi. Não me puxa. Não gosto de épicos :-)

Rui Francisco Pereira disse...

David,

Ah ah!

Olha, como homem e como adolescente, fiquei bastante contente em saber da opção do Petersen em mostrar nudez.
Como cinéfilo, acho ridículo.

Se te apeteçer rever o filme, esta será uma boa oportunidade. O entretenimento está assegurado, isso garanto-te.


Hugo,

O que achaste da versão original?

Esta não é indispensável, mas vale pela curiosidade ;)


Dora,

E porque não?


Obrigado pelos comentários!

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