aqueles que têm blogues de cinema: já alguma vez sofreram os efeitos da dita "falta de inspiração"?
Nunca foi um fenómeno em que acreditasse muito, no entanto, sou agora confrontado com uma série de problemas que me têm vindo a arruinar esta "temporada"bloguística do Verão.
Desde a escassez de vontade de escrever, passando por alguma irritação derivada da tentativa de "forçar" uma crítica, até a uma clara sensação de que o meu vocabulário me parece, agora, extremamente limitado.
Sempre as mesmas palavras, os mesmos adjectivos, os mesmos pensamentos.
Não há inovação, não há frescura, não há vontade, não há evolução no meu método de escrita.
Em tempos -há alguns meses atrás e olhando para trás- tinha a clara sensação de que estava a evoluir no meu método de análise escrita.
Após editar uma crítica, olhava para o que tinha escrito e sentia-me orgulhoso.
Ultimamente, tal não me tem acontecido. De todo.
Todas as minhas análises me parecem iguais, carentes de chama e dedicação. Algo robóticas talvez.
Não me consigo explicar muito bem, enfim.
De qualquer forma, constato que, de uma forma geral, a minha vontade para escrever neste meu Cinemajb que tanto me orgulha, tem vindo a decrescer, cada vez mais radicalmente com o passar dos dias. E é uma situação que me tem vindo a preocupar seriamente.
A causa? Não sei. Talvez seja o Verão. Com o calor, a vontade de estar em frente a um computador diminui. Talvez seja só uma fase passageira, de puro desinteresse, tal como que a que passei, sensivelmente, há um ano atrás.
Talvez não.
Não me interpretem mal. O Cinema continua a estar no centro do meu mundo, a despertar-me sensações como nenhuma outra coisa.
É a vontade de me expressar sobre essas sensações, e sobretudo a capacidade de o fazer de forma minimamente bem conseguida que, sinto-o, estou a perder.
E, a ser assim, é o blogue e os leitores quem sofrem com isto.
Vejo-me então obrigado a assumir uma de duas posturas:
-uma postura preventiva e efusiva, onde tentarei mudar o método crítico do Cinemajb (nomeadamente para análises bem mais curtas, e uma maior selectividade nas obras a analisar, entre outras coisas);
-uma postura de indiferença, onde optarei por aguentar esta situação até ver os seus reais contornos e, espero eu, fim à vista.
No entanto, note-se claramente que este que vos escreve, o faz com um misto de estupefacção e atrapalhamento.
Ainda para mais, estando o Cinemajb a aproximar-se de um momento importante, gostaria imenso de poder dizer que permaneci activo nesta blogosfera por mais do que uns meros (se lá chegar) dois anos.
É por isso mesmo que necessito da opinião, reflexão e, se possível, do aconselhamento dos leitores do Cinemajb. Sobre toda esta problemática, sobre a questão que vos coloco no início deste texto e sobre o método crítico do Cinemajb.
Conto com vocês.
Uma produção de perder a cabeça
Há 17 horas
13 Eloquentes Intervenções Escritas:
É comum aos bloggers tal efeito, parece-me que :)
Eu também sofro do mesmo. Aliás, eu há dias por mês em que não me apetece escrever mesmo nada. E normalmente esses dias tendem a coincidir com os dias para os quais planeio bastantes projectos de escrita. Enfim.
Para tu veres, tenho 10 posts em desenvolvimento no meu blog que ainda não terminei. Um deles está em desenvolvimento desde o dia 2/8.
Força nisso e... melhoras na inspiração. Vê um dos teus filmes favoritos. Pode ser que te re-inspire. Comigo funcionou há dias. ;)
Jorge Rodrigues
http://dialpforpopcorn.blogspot.com
É muito simples: quando se chega a essa altura onde já não há inspiração para se escrever, onde se tem de escrever por favor e, mais grave, se demonstra isso aos leitores...está na altura de acabar o blog.
Não é por dizermos que gostamos de cá vir que vais ter vontade de continuar.
É esta a minha opinião, que tenho blogs há 4 anos.
JB, subscrevo totalmente o comentário do Jorge Rodrigues. Também passo por vezes por essas fases, mas acabo sempre por voltar :-) olha só: vi Inception há quase 3 semanas e ainda não fiz a critica apesar de a ter toda na minha cabeça!
da-lhe mais uma chance, e vês o acontece ;-)
Pois eu também passei por isso. O meu Revolta da Pipoca está neste momento parado porque há uns meses decidi que era altura de parar. A vontade de escrever já não era muita, a inspiração muito menos. O que foi que fiz? Terminei com o blog e criei uma página no Facebook. É mais fácil de actualizar, e é tudo "curto e grosso" como dizia alguem. O meu blog esteve activo 4 anos (o que acho que até é bom), mas enquanto formos só uma pessoa a gerir um blog, é natural que cheguemos a uma altura de saturação. Ando a pensar voltar com o meu. Creio que estes meses de ausência foram bons. Talvez a melhor opção seja colocares o Cinemajb em stand-by durante uns tempos, e depois tomas a decisão que achares melhor!
Abraço
Bom, eu só comecei a escrever um blogue há cerca de 6 meses, de momento suspenso por questões que nada têm que ver com falta de vontade. No entanto, nesse curto espaço de tempo, senti por vezes a rotina a instalar-se. Acho que quanto mais alta for a frequência de posts, maior a tendência para que isso aconteça. Alturas há que não apetece escrever sobre aquilo que viste.
Experimenta fazer pausas maiores entre posts. E tenta variar o tipo de filmes que pretendes comentar. Ou faz como a Dora com o blogue dela, escreve sobre outras coisas para além de cinema. Ou então fala de cinema mas sem serem críticas a filmes. Já pensaste em escrever um bloque em conjunto com outros? Pode ser mais estimulante.
Quebra a rotina, senão deixa de ser uma paixão e passa a ser trabalho que te tira o prazer.
E como cada um tem a sua teoria, também te deixo a minha. Penso que a questão passa, primeiro que tudo, por desdramatizar. Depois, por assumir que o blogue é fruto da espontaneidade. Ou seja, a primeira razão porque escreves para o blogue não será por causa dos leitores. Escreves por causa de ti, para ti, porque sentes necessidade, porque te faz falta escrever, criar e entreter. Tens um blogue porque te dá prazer. Não tens obrigações para com ninguém. Não deves nada a ninguém, nem a ti mesmo. O blogue é fruto de espontaneidade. Quando não te apetecer escrever, não escreves e não tens que te justificar. É normalíssimo acontecer. Assim como quando não te apetecer ver filmes, não vês. Não tens que fazer posts a um ritmo x, com periodicidade y. Quando alguma coisa não te der prazer, faz outra coisa. A vida é preciosa demais para perdermos tempo a fazer coisas contrariados. Um blogue não é uma prisão. Tem que ser - sempre - uma coisa que te dá prazer.
Se quiseres terminar um blogue para encerrar um capítulo da tua vida, isso é uma coisa. Agora se adoras cinema, creio que o adorarás para toda a vida. E, por isso, sentirás sempre vontade de falar sobre isso, de escrever sobre isso. Quando te apetecer, tens o blogue.
Dizes que tens críticas e críticas em atraso. Em atraso porquê? Tens algum professor à espera do trabalho de casa? ;D Claro que não. Depende da forma como encaras as coisas. Garanto-te que não há um único leitor a sofrer com isto. Lembro-te, não deves nada a ninguém, nem a ti mesmo. Só deverás a ti mesmo se assim pensares.
Um blogue pode ser levado com mais ou menos empenho, com mais ou menos afinco, mas sempre com ligeireza na forma como nos relacionamos com ele.
Quanto ao facto de as tuas críticas te parecerem iguais, é porque sentes que precisas evoluir. Tens evoluído: a nível da escrita, sobretudo. Mas é como tudo, se não apostares na tua auto-formação, não evoluirás mais. Terás, porventura, que ler mais, investigar mais, ver mais filmes. E ver filmes não significa vê-los com a caneta na mão, que nem uma arma preparada para disparar uma crítica. Refiro-me a VER filmes. Só ver e rever e compreender e pensar e ir mais longe por aí. Isso é fundamental.
Enfim, como diz o outro: relax, take it easy.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Jorge,
É bom sabê-lo ;)
Não vi nenhum filme favorito, mas existem os mais variados projectos cinematográficos que me vão despertando grande interesse, do nada. ;)
Dora,
Eu não disse, em momento algum, que escrevia por favor. Isso nunca.
Disse sim, que a vontade para manter o ritmo que tenho mantido, está a diminuir.
Quanto a mim, são fases. Eu próprio já passei uma assim, em Maio do ano passado.
Estou confiante que ultrapassarei esta, até porque não é algo assim tão grave, nem de perto nem de longe, que me leve a acabar com o blogue.
Isso não.
David,
Pois, acredito que sim. Eu próprio já passei. Não é fácil manter o entusiasmo.
Mas acabam sempre por passar ;)
João,
Agradeço as sugestões.
Em relação ao Facebook, está fora de questão. ;)
Não me identifico com isso, acho que não é a mesma coisa.
Em relação a pôr o blogue em stand by, foi o que fiz neste últimos dias.
Não estou a pensar suspendê-lo durante tanto tempo como tu.
Não sei como será amanhã, ou daqui a 10 minutos.
Mas agora, agora tenho vontade de escrever ;)
Mas já agora, espero sinceramente que retomes o Revolta!
King,
Gostei imenso dessas sugestões ;)
Em relação a escrever com outros, não me desperta grande interesse.
Mas estou a pensar em quebrar a rotina, fazer outro género de posts, menos... comuns.
Roberto,
Bem, de um modo geral, não tenho como refutar o teu texto.
Obrigado pela intervenção ;)
Eu concordo com o Roberto e Rui também passo por essas alturas, aliás, há uma semana ou assim vi Cidade de Deus e o filme só me deu para escrever 5 ou 6 linhas e é assim que vou mostrar a crítica pois, na verdade, é tudo o que consigo dizer do filme e tudo o que senti (que, já agora é muito e adorei o filme) está lá exposto.
O bom de um blog é que não há deveres nem prazos, há prazeres e vontades e saber que está sempre pronto para ter lá palavras.
Abraço
Cinema as my World
Bruno,
Agradeço as palavras.
Eu gosto sempre de escrever bastante, mas por vezes há pouco a dizer.
Foi, aliás, por isso que criei as mini críticas.
Abraço ;)
Rui Pereira: há quase um ano que te quis comentar este teu post. Talvez mesmo o mais importante post que já fizeste. Expuseste no artigo tantas frases certeiras, que fiquei incomodado por que me vi reflectido nelas de forma tão forte que ainda hoje passado tanto tempo venho cá para ler isto e perceber o que te poderia dizer.
Nada te sei dizer. Eu em 2010 também vivi um apagão cinéfilo. Vi imensos filmes e não falei deles. Comentei alguns por aí mas não me apateceu escrever uma linha por cada um. Estava na mesma igualdade que tu e isso atormenta.
O teu post é importante, o que dizes é importante e acho que grande parte dos criticos (e os pseudo-criticos de cinema) passam uma fase destas.
Na minha teoria quando se chega a esta conclusão é porque o cinema que gostávamos também não nos realiza e é aqui que se dá o momento de chegar às fronteiras cinéfilas. Descobrir qual rumo avançar, por outras palavras, quais obras e novos tipos de filmes nos preenchem e mais realizam. Normalmente é o inicio da viagem pelo cinema não-comercial, seguir obsessões pessoais também, e penso que foi a esse ponto que te conduziste: a um novo estágio cinéfilo.
Parabéns por isso!!!
Armindo,
Antes de mais, agradeço muito as simpáticas palavras. Fizeste-me recordar aquele que será, por ventura, um dos posts mais icónicos dos últimos tempos aqui do blogue.
Em relação ao teu conselho, tenho-te a dizer que nele me revejo na totalidade e só tenho pena de nao teres comentado mais cedo, quando esta questão mais me assolava... ;)
Na altura atravessava o mesmo e não sabia o que dizer sequer, de maneira a que te valesse de alguma coisa. As boas coisas não se esquecem e novamente tive de reflectir sobre o assunto e até publicar no meu blog uma reflexão (e que até inclui excertos teus).
Força Rui!!!
Arm,
Conforme tive a oportunidade de te dizer nesse post que referes, e que muito te agradeço, acho que exageras e não é pouco ;)
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