Alexandre, o Grande «Revisited: The Final Cut»


Alexandreo Grande? Não...
Alexandre, o Frágil, talvez.
Se quisermos ser um pouco mais directos, Alexandre, o Chorão ou até mesmo Alexandre, o Homossexual.
É este o Alexandre que Oliver Stone nos mostra.

As intenções de Oliver Stone eram nobres e, sem dúvida, louváveis. É, ainda assim, que por elas se fica. Mais do que o mito e a lenda, Stone pretendia retratar Alexandre, o Homem. E, neste aspecto, não poderemos acusar Stone de pecar por falta de empenho, ou preguiça.
A análise à vida pessoal -refiro-me, concretamente, a relações familiares e amorosas- de Alexandre foi efectivamente competente, no mínimo. Direi mesmo exaustiva.

No entanto, esta focalização tão grande no homem, Alexandre, suscita determinadas questões:
Era isto o pretendido? Mais do que um blockbuster, "Alexandre, o Grande «Revisited: The Final Cut" é um épico. Não um biopic dramático. Onde estão as façanhas épicas? Onde está a aventura? A acção? Não se podem prescindir de tais componentes, tendo em conta o género a que "Alexandre, o Grande «Revisited: The Final Cut" se propôs ser.
Era esta abordagem preferível a outras? Aparentemente, julgando pela recepção fraca (um pouco mais entusiasta, nesta versão) que a obra de Stone teve, a resposta é clara.
Está bem delimitada a linha entre a atenção e a quase obecessão?
Foi Oliver Stone capaz de se moderar, de ter rigor, coerência e contenção?
Não se terá
Stone deixado deslumbrar, pelo menos parcialmente, pelos meios que tinha à sua disposição?

Infelizmente, o panorama não é o mais inovador. Oliver Stone alimentou e contribuiu com a sua realização para um argumento que, a nível estrutural, é uma verdadeira nódoa. Nesta versão «Revisited: The Final Cut», Stone tem todo o tempo do mundo para perder as estribeiras.
A homossexualidade não é uma sugestão, mas um pilar do filme. Orgias, danças, homens nus, violações e, veja-se, até homens a beijarem-se.
Não era preciso, não era preciso isto. Que falta de delicadeza por parte de Oliver Stone.

Mas Stone não se fica por aqui nos erros cometidos. Algumas cenas são indisculpáveis. A cena com Bucephalus e o jovem Alexandre (muito bem interpretado por Connor Paolo) parece ter saído de um vulgar filme da Disney.
O encontro sexual entre Alexandre e Roxane é verdadeiramente ridículo. Parece ter sido filmada por um qualquer tarefeiro, e um não muito são, a nível mental... Um simples abraço entre Alexandre e Hefestião é muito mais tocante e agradável.
A batalha de Gaugamela, embora muito bem idealizada, falha redondamente na execução.

E poderia continuar: os slow-motions escusados, a adição de rugidos de leões aos soldados, o simples facto de as personangens não envelhecerem e, acima de tudo, a completa falta de linearidade temporal. A acção de "Alexandre, o Grande «Revisited: The Final Cut»" não se mantém no mesmo espaço de tempo por mais de vinte minutos. É incrível, um erro incompreensível.

Mas ainda mais incompreensível é a forma como Stone é igualmente capaz de momentos... de tirar o fôlego. A Batalha na Índia é qualquer coisa de arrebatador. Stone filma a acção com uma mestria inegável, dela extraindo a tensão e o drama na perfeição. E como se não bastasse o confronto, que faz jus (mais do que qualquer outro momento do filme) à palavra épico, entre Bucephalus e o elefante, Stone tem ainda a brilhante ideia de distorçer as cores. E o efeito produzido é fenomenal, enche de júbilo até o mais inexperiente dos cinéfilos. Que lucidez, que tirada de génio.

Quanto ao argumento e conforme já foi referido, possui uma evidente debilidade na sua base: a narração. A narração é, a meu ver, um facilitismo. Um facilitismo necessário, mas não essencial. O problema reside precisamente no narrador: Ptolomeu, interpretado por Anthony Hopkins.
Sim, apenas interpretado por Anthony Hopkins, como o envelhecido Ptolomeu. Porque o jovem Ptolomeu, esse... mal o vemos. É um mero secundário, dos mais secundários de toda a corte de Alexandre. Porque razão lhe foi a ele atribuída a narração da obra? Quanta incoerência.

Convém não esquecer, de todo, a excessiva focalização nos romances de Alexandre e nas discussões com os que o rodeiam (algumas tão triviais, outras de grande intensidade).
Stone, que também escreveu o argumento, ao tentar mostrar a sua sensiblidade, acabou por ser sensível de mais. Não existem limites, não existem barreiras, não existe pudor.

Não que o argumento esteja propriamente mal escrito. Alguns diálogos e monólogos são de uma credibilidade e interesse inegáveis. O leque de personangens é também muito vasto e igualmente enriquecido.
Para além disto, “Alexandre, o Grande «Revisited: The Final Cut»” é um filme repleto de simbolismos, mensagens codificadas com várias camadas de complexidade.
O problema foi mesmo o núcleo e a abordagem feita por Oliver Stone.

A produção é, invariavelmente, um autêntico luxo. Uma fotografia lindíssima, uma das melhores cenografias que já vi, um guarda-roupa competente e efeitos especiais discretos são disso exemplos . A banda-sonora de Vangelis possui uns temas superiores a outros, mas acaba por satisfazer bastante.

Mas a grande desilusão deste "Alexandre, o Grande «Revisited: The Final Cut»" é mesmo o elenco. A Colin Farrell falta todo o estofo do mundo para o papel. É demasiado pequeno para tão grande papel, embora a abordagem tomada por Stone acabe por favorecer o actor irlandês.
O ridículo sotaque de Angelina Jolie é um entrave à apreciação da sua interpretação. Jolie recorre ao overacting com demasiada frequência e, por vezes, assume-se apenas como uma mera vilã.
Rosario Dawson e Jonathan Reys Meyers, no curto tempo de antena de que dispõem, estão francamente mal. Anthony Hopkins pouco melhor está, mas o aproveitamento das suas capacidades é quase nulo.

Apenas Jared Leto, de forma surpreendente, e sobretudo Val Kilmer fogem à tendência. O segundo é definitvamente o melhor elemento do elenco, obtendo uma das melhores prestações da sua carreira. Também Christopher Plummer tem uma interpretação bastante boa.

Uma série de escolhas mal feitas e uma evidente debilidade no estabelecimento de prioridades, ditam a sentença de "Alexandre, o Grande «Revisited: The Final Cut»".
Mesmo com mais de três horas e meia de duração, permanece a sensação de que tanto mais podia ser dito -ou tanto menos podia ser mostrado...

Um filme tão grande, quanto... pequeno.


"Fortune favors the bold."

12 Eloquentes Intervenções Escritas:

Roberto Simões disse...

Uma crítica com uma argumentação em relação à qual, em múltiplos aspectos, discordo claramente. Destaco os seguintes:

(1) O primeiro parágrafo da tua crítica é tão breve e sintético quanto redutor e demagógico. Dá a ideia que nem assististe ao filme, quando sei que o fizeste pelo menos duas vezes. Terás prestado atenção ao retrato que Oliver Stone faz, efectivamente, de Alexandre?

(2) "Era isto o pretendido?" Melhor do que ninguém, Oliver Stone dá-te a resposta. O filme é seu e ele fez o que quis. Se é ele o artista, porque não haveria de ser isto o pretendido? Poderia não ser, isso, aquilo que tu ou mais outros tantos pretendiam. Mas isso já é outra conversa.

(3) "Onde estão as façanhas épicas? Onde está a aventura? A acção?" Começo a desconfiar que tinhas as lentes bem embaciadas. Mais à frente vens glorificar a batalha na Índia, mas por sorte ela nada tem a ver com "aventura", "acção" ou "façanhas épicas", imagine-se.

(4) "E, veja-se, até homens a beijarem-se.
Não era preciso, não era preciso isto. Que falta de delicadeza por parte de Oliver Stone." Mas que raio de argumentação é esta? Não era preciso? Homens a beijarem-se? Era uma forma de cumprimento! Ou, de outro modo, uma forma de demonstrar carinho, tal como em filme sim filme não há um homem que beija uma mulher.
Mais à frente, reforças: "Stone, que também escreveu o argumento, ao tentar mostrar a sua sensiblidade, acabou por ser sensível de mais. Não existem limites, não existem barreiras, não existe pudor".
Porque haveria de haver pudor em mostrar um beijo? Falta de delicadeza por parte de Oliver Stone ou merda na cabeça de muito espectador?

(5) Quanto à cena da cavalgada partilhada entre Alexandre e Bucéfalo, e tentando ignorar que é raro (ou raríssimo?) o filme da Disney que é vulgar, acho uma cena lindíssima e inspiradora. Engraçado como há opiniões diferentes para tudo. Viva à pluralidade!

(6) "A batalha de Gaugamela, embora muito bem idealizada, falha redondamente na execução" - Pôssaras, mas terás mesmo viste o ALEXANDER do Oliver Stone, com o Colin Farrell? É uma das melhores cenas do filme. Ai, espera, afinal é também uma das melhores cenas de batalha de todo e qualquer épico da História do Cinema! Ah, pois, já me esquecia. Viva à pluralidade!

(7) Agora peço especial atenção para dois parágrafos que, por maior efeito de quiasmo que possam suscitar, seguem-se mesmo um ao outro. Num deles, criticas: "os slow-motions escusados". E no seguinte, dizes: "A Batalha na Índia é qualquer coisa de arrebatador". Curioso como esta batalha tem slow motion como tudo. Com certeza aqui não serão "escusados", convenientemente.

(8) "Ptolomeu, esse... mal o vemos. É um mero secundário, dos mais secundários de toda a corte de Alexandre. Porque razão lhe foi a ele atribuída a narração da obra? Quanta incoerência" Finalmente!!! Estamos de perfeito acordo em alguma coisa! ;D

E com este ponto positivo, por fim, termino.

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «

Rui Francisco Pereira disse...

Roberto,

Respondendo por pontos:

1-O primeiro parágrafo da minha crítica é, quanto muito, vago. Trata-se, simplesmente, da introdução à crítica mas que mostra, de uma forma obviamente sintetizada, a minha opinião sobre parte do filme. É claro que é redutor, é a introdução! Demagógico? Talvez um pouco. Eu prefiro chamar-lhe opinativo, mas isso depende da susceptibilidade de cada um…

2-Obrigadinho… que era o pretendido por Stone, já se sabe ora! ;)
Então se é ele o realizador do filme, e se fez o que quis, é normal que seja o que ele pretendia.
É mesmo outra conversa…


3-O filme tem duas batalhas, duas cenas de acção (e algumas secundárias). DUAS
Para um filme com quase QUATRO HORAS de duração, e analisando a proporção entre as cenas que têm e não têm acção, a palavra “equilíbrio” não me vem à cabeça…

Sim, tinha as lentes embaciadas ou isso ou não vimos o mesmo filme se calhar, não sei…


4-Roberto, este “raio de argumentação” é a argumentação de alguém que acha que ver Alexandre e Bagoas a “comerem-se à canzana” na cama é um pouco demais para um épico.
Não sei, se calhar sou só eu…
Mas fazemos assim, VÊ a cena em questão e depois conversamos,ok?

Vamos lá ver se te esclareço: CLARO que não há qualquer problema em ver homens a beijarem-se, como cumprimento ou o que quer que seja… Não sou preconceitouso, lembra-te que já tinhas concluído isso! ;) Não vamos regredir, ok? xD

Desde que haja alguma contenção…Isto é um filme sobre o Alexandre ou o Harvey Milk ?! Hajam limites…

Em relação ao teu último parágrafo deste ponto, nem o vou comentar para não me chatear…

5-Achas uma cena lindíssima e inspiradora. Eu não. Ponto.

6-Uma vez mais: achas isso. Eu não. Ponto.
Oh pah, é como digo em cima: a ideia é boa, mas a concretização falhou. Ou pelo menos não me agradou, não gosto de batalhas confusas, onde só se vêm pernas e não se percebe nada e com a câmara irrequieta e planos de 1 segundo… Gaugamela começa bem, mas enverda por esse caminho a meio e às tantas dou por mim com dores de cabeça…

7-Ah, porque tenho de explicar tudo?...xD
Roberto: TUDO O QUE É DEMAIS, É EM EXAGERO. Evidentemente. É uma verdade universal.
Obviamente que eu, ao primeiro slow motion que vi, não pensei para mim “ei, isto já é slow motion a mais”. Após ver e rever o filme, concluí: "Stone exagera no slow motion, porque só uma reduzida parte dele é que resulta. A outra, não fica bem. É a mais, era escusada”
Agora pensa lá em que parte do filme é que o slow motion resultará melhor, segundo a minha opini… quer dizer, conveniência…

8-At last! ;)

Roberto, relembro-te só de uma coisa: o filme que tu viste, não é o mesmo filme que eu vi. Tem isso em conta, num próximo comentário (que espero que exista) e, se possível, modera também a tua excitação e linguagem.

Abraço ;)

ArmPauloFerreira disse...

Concordo com a critica do JB. Digo que este é um daqueles filmes que não me satisfez, apesar de ter algumas bons momentos mas que no seu todo não me agradou na totalidade.

Não vi esta versão de Alexandre também (e não a vou ver por desinteresse) mas a descrição aqui prestada mantém-se para a theatrical version, onde Stone não teve freios sobre o que mostrar da homossexualidade num filme sobre uma figura histórica importante como este é.
Torna-o algo desagradável.

@ Roberto Simões: Então não tem nada de gay em demasia? Nem digas isso de que são apenas cumprimentos... quando numa fase inicial até mostra eles em orgias, tem até a cena de vários gajos a segurar à força outro e depois a violarem-no numa sala onde estão os ilustres em orgias.
Em "Alexandre, o grande" o amor de Alexandre é em todo o filme por outro homem (Jared Leto), onde várias vezes se fazem vistosamente um ao outro (de 4 e tudo)... chegando Alexandre a trocar a mulher (a mais que boa da Rosario Dawson) pelo amante (mas nisto Ok faz parte da história).
Acho que o épico poderia ser alusivo mas não ser visualmente tão claro como foi.

Roberto Simões disse...

JACKIE BROWN: Só te tenho mais duas coisas a dizer. A primeira é preconceito. A segunda é para reveres a cena da Batalha de Gaugamela, antes de a chamares confusa. A estratégia em campo desenha-se no ecrã, sem narração ou explicitação prévia, e por si só. O que é um feito verdadeiramente notável.
Quanto à moderação de linguagem, ela faz-se mediante os disparates que leio.

ARM PAULO FERREIRA: A ti, já te respondi devidamente no CINEROAD.

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «

Roberto Simões disse...

(1)

"É claro que é redutor, é a introdução!"

Mas as introduções devem ser redutoras, é? As coisas que eu aprendo.

"Demagógico? Talvez um pouco."

A naturalidade com que dizes isto é notável.

"Eu prefiro chamar-lhe opinativo, mas isso depende da susceptibilidade de cada um…"

Depende? Depende? Como depende? Tu próprio afirmaste que é redutora porque é a introdução e que talvez seja demagógico? Depende? Mas afinak em que é que ficamos?

(2)

"Obrigadinho… que era o pretendido por Stone, já se sabe ora! ;)"

Então mas se já se sabe, "ora!", porque é que não sabias disso quando escreveste a crítica e perguntaste "Era isto o pretendido?"
Se "é mesmo outra conversa" faz lá o favor de iniciá-la, porque eu gostaria de perceber. Se for possível uma explicação com coerência, agradecia.

(3)

Este “raio de argumentação” é a argumentação de alguém que acha que ver Alexandre e Bagoas a “comerem-se à canzana” na cama é um pouco demais para um épico. Oi??????? Cenas entre homens e mulheres, mais ou menos picantes, há com fartura nos épicos. Porque há-de ser demais entre Alexandre e Bagoas? Preconceito, preconceito. Mas quem te diz que já não vi a cena?

"Desde que haja alguma contenção…Isto é um filme sobre o Alexandre ou o Harvey Milk ?! Hajam limites…" Que disparate.

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «

Rui Francisco Pereira disse...

Armindo,

Estamos então de acordo.

Eu também não vi a versão theatrical, mas nesta versão Stone perde as estribeiras totalmente.
Acha que tem de ser o mais explícito possível para as pessoas perceberem que o Alexandre era gay. A simples relação com o Hefaistão era mais do que suficiente, mas não, tinha de por o Alexandre a beijar desde generais até dançarinos. Uma cena em particular, é... um abuso.


Roberto,

Já sabes como me irrita essa política do " o que é diferente de mim, é fraco", mas creio que não vale a pena continuar por aqui.

Não planeio rever nada, já tive a minha dose de Alexander nestes dias.
Porque não vês, tu pela primeira vez, esta versão?

E Roberto, estás enganado, redondamente enganado. A moderação deve existir SEMPRE, sejam quais forem os "disparates" que se leiam.
Porque tal como eu ignorei o teu comentário e grande parte da tua ironia irritante, podia não o ter feito... e aí, quem sabe, não é?...

Enfim, já mostraste mais respeito noutras ocasiões e momentos...


Obrigado pelos comentários

Roberto Simões disse...

Obrigado por não me responderes a nada do que te pedi, sem falar de cinema, como forma de te sobrepores à discussão. Não precisas tão-pouco de me recomendar a Revisited, que verei nos próximos dias como sabes. Também não te recomendei a versão original, que não viste. Porque não mostrar Bagoas? Ele teve vários homens, fazer o quê? Será que vão acusar o Stone por seguir fontes históricas? OMG.

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «

ArmPauloFerreira disse...

Roberto... obrigado pelas tuas prontas respostas prestadas aqui e no no teu espaço. O OliverStone fez muito bem em retratar esta faceta mas como continuo a tentar te fazer crer, no meu ponto de vista ele exagerou.

Rui Francisco Pereira disse...

Roberto,


RESPONDENDO AO SEGUNDO COMENTÁRIO,

Eu sinceramente, acho que se está a passar um pouco da contestação para a “piquinhice”, mas agradeço de qualquer forma o comentário.
Vamos lá outra vez:

1- Sendo uma introdução… é suposto fazer um parágrafo de 20 linhas a dar a minha opinião? INTRODUÇÃO…


“mas isso depende da susceptibilidade de cada um”
A forma como tu ignoraste esta parte é que é notável.

Tratando-se de um blogue opinativo, convém sempre dar uma opinião, que só será aceite como verdade absoluta por quem quer. Ora se nem eu o faço, tanto é que até reedito as minhas críticas, então porque haverias tu de o fazer?
Quer dizer, demagógico? Isso era a mesma coisa que dizeres que as pontuações que atribuo ao filme são demagógicas… ou qualquer outra coisa aqui do blogue.

Não sei, ou me está a escapar a dúvida, ou de facto… não estou a perceber bem o que te está a fazer confusão.


2-Roberto, tu nessa frase vês as palavras “por Stone” entre o “pretendido” e o ponto de interrogação, pois não?
Quer dizer, insinuar que eu não sabia o que estava a escrever é, e vais-me desculpar, ridículo.

Por quem? Por todos aqueles que tinham grandes expectativas para o filme, e que se desiludiram. Para os que esperavam um “Gladiador” e tiveram um “Milk” (NEM SEMPRE, EVIDENTEMENTE. MAS TIVEMOS MAIS DE “MILK” DO QUE DEVIAMOS…). Afinal de contas, se o filme original foi um falhanço, por algum motivo foi…
E Stone limita-se a acentuar o filme original, nesta versão. O que havia de bom e o que havia de mau…


3- “cenas entre homens (…), mais ou menos picantes, há com fartura nos épicos”.
Ah sim? Fala-me disso, por favor.

Preconceito? Mas qual preconceito…
É simplesmente desagradável, excessivo, indelicado. Não gostei do ponto de vista artístico e também cinematográfico, porque não fica bem no filme. É de mais. Não sei que mais te possa dizer para tirares essa tua ideia pré-definida sobre mim…

Pois, “que disparate”... Porque não mostrar TODAS as fantasias sexuais de Alexandre, não é? Aconteceram, são história, as pessoas são burrinhas e isto é os Morangos com Açúcar: é preciso mostrar TUDO, ser o mais explícito possível, senão ninguém percebia que o Alexandre era homossexual ou até mesmo que sentia uma atracção pelo Bagoas…
Repito: hajam limites.


RESPONDENDO AO TERCEIRO COMENTÁRIO

Roberto, a resposta em cima (e que está conjugada com a resposta ao Armindo) é ao comentário que mandaste às 10:12.

Na altura em que escreveste os outros comentários (o das 10:41 e o das 11:07, e aos quais respondo agora) encontrava-me, presumo, a escrever a primeira parte deste mesmo comentário.

Peço imensa desculpa por não ter escrito a tempo de poderes ver…
Talvez pudesses, numa próxima vez, escrever tudo em um único comentário (e não enviares um comentário, afirmando que “só tinhas mais duas coisas a dizer”, para meia hora mais tarde enviares um novo comentário) e também teres um pouco de paciência.
(por acaso eu tive a destreza de ir ao meu email e ver se não existia mais algum comentário que pudesse ser incluído nesta resposta e, surpresa… era outro teu! ;)

Pela tua impaciência nos comentários, achei por bem relembrar-te que eram versões diferentes. Só isso.
OMG, quanto extremismo! Mas eu disse algo semelhante a “O Bagoas não devia existir”?!
Refiro-me, de uma vez por todas, à cena em que Bagoas e Alexandre se beijam na cama, por cerca de 30 segundos (?) ou mais. É AÍ que está o problema.

Agradeço, uma vez mais, os teus comentários.
Já me está a agradar mais este debate ; )


Arm,

Importavas-te de extender a discussão para este espaço, por favor? ;)

Dora disse...

Nunca vi. Deve ser dos poucos do Stone que nunca vi. Razão? Não gosto de épicos.

Quem é que há pouco tempo comentou este filme? Pensei que tinhas sido tu...

Jorge Teixeira disse...

Li a tua crítica e o respectivo debate, e não posso deixar de estar do lado do Roberto.

A abordagem de Stone é claramente diferente do que se faz há duas décadas neste género com o seu renascimento - um retrato mais biográfico, mais caracterizado e mais íntimo vá, é verdade. E é isso precisamente que o destaca de tantos outros. Como muito bem disse o Roberto, devemos, após visualizar pelo menos duas vezes a obra, nos abstrair das expectativas que tínhamos e avaliar o objecto por aquilo que é, tão simplesmente. Eu também esperava outra coisa, mais Bravehearts, mais Troys, mais acção desenfreada e emocional.

Mas não é isso, é talvez uma aproximação aos clássicos das décadas de 50 e 60 mais evidente do que o registo desses outros. Nesse sentido, não penso que Alexander foge ao épico, porque na minha opinião muito pelo contrário, se compararmos com Ben-Hur, que também não tem batalhas e acção para dar e vender, essa comparação cai por terra. Até com Spartacus de Kubrick. As façanhas de um herói fazem-se também pelo seu carácter, pela sua maneira de pensar. Porventura compreende-se melhor as verdadeiras razões porque tal herói se tornou um mito. Oliver Stone faz isso como ninguém. E esse foi o seu objectivo e de tal forma conseguido a meu ver!

E também não me parece oportuno falar de falta de subtileza e contenção a respeito da homossexualidade aqui retratada. Não me choca, e já vi a versão final cut. Até me parece que susceptibilidades mais facilmente existiriam na cena do Colin com a Rosario na cama, do que propriamente as outras aqui faladas. Mas enfim, dependerá sempre da personalidade e da aceitação de cada um.

Deixo aqui o meu primeiro comentário. Tens um blogue interessante aqui, e nota-se bem a tua dedicação.

abraço

Rui Francisco Pereira disse...

Dora,

Não foi na crítica ao filme, mas num post sobre ele que deixaste um comentário parecido.


Jorge,

Bem-vindo!
Finalmente consegui chamar a tua atenção! xD
Muito obrigado pelas tuas palavras, espero sinceramente que cá voltes!

"As façanhas de um herói fazem-se também pelo seu carácter, pela sua maneira de pensar”. Decerto. Mas, curiosamente, não te vi referires aí a sexualidade como um factor importante ;)
E esclareço desde já: não é que a sexualidade não seja um factor com a sua cota parte de importância. Mais do que os factores que tu próprio referiste? Não me parece. A base de um épico? Muito menos…

Já a mim, parece-me muito, muito oportuno falar da contenção da homossexualidade em Alexander. A ti pode não te chocar, mas a mim, a cena em particular que já referi em cima, não me tendo propriamente chocado… desagradou-me, pôs-me desconfortável e algo incomodado mesmo.

Ainda bem que referes a cena entre a Rosario e o Collin, que acho que é das piores cenas de sexo que se fez no Cinema nos últimos tempos. Muito mal orquestrada e, ve lá tu, também me incomodou um pouco. Não, não são só (CERTAS E DETERMINADAS) cenas entre homens que me incomodam ;)

De qualquer forma, gostei muito da tua intervenção! :D

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